xxi et xxiii

E se a vista da melhor sacada estiver a uma volta na quadra?

O sentimento de vestir o casaco molhado da poça que a moça passou sozinha porque estava de galochas!

A única coisa que alivia não respira. Taquicardia.

O segredo de olhar as horas não é conhecer os ponteiros. É, primeiro, imaginar que horas são.

Acorda comigo e dorme depois de não ter dormido.

Todo mundo hoje é piscina, mas pula, e fecha os olhos, pra ver se tu não tá num rio.

Quando tudo vai e só a pálpebra fica. Musica.

Respira um ano ou dois e come. Armadura interna mata a fome.

Sombra movendo do lado de dentro e pés. Varanda.

Ela achou que não era adeus sem o último, mas sempre é. Adeus se diz pé ante pé.

A qualquer momento, tem uma linha que risca tudo e ri por um triz. A ruga do nariz.

Depois de todo o tempo, só deu pra ficar com a roupa do dia. Que alegria!

A arte de acordar e continuar dormindo. Domingo.

Porque, quando as perguntas são livres, preto também é resposta.

O piloto deixa o avião e vai a pé pela estrada. Só pra garantir, já que não se sabe da chegada.

O raio queima direto o tronco que nem dobra pra admirar a flor.

Later that night you find your favorite shoes of all time. And why? They were always all right.

A gente abre a janela pra ver se entra um sol, um bicho, um vento. É tanta casa sem pessoa dentro.

Todo ar não é voar pra quem volta. Deve ser verde quando se vai mergulhar.

Pula que o preto do poço, pelo menos, não é medo. É só que ainda é cedo.

Direita. A placa parada como se não soubesse do atalho na estrada.

Sem lente, um pouco, descansa que nada gira só pra que suspira.

Vou te dizer que, por mais que o brilho seja verde luminescente chama, o deutério não reclama.

Caixas têm fundo sim, mas não têm fim.

Pelo bem da nossa futura memória, olha, foge e volta a olhar.

Quando se esgotarem as minhas letras, já vi, vou e te roubo o pingo do i.

O dia da mudança pega a mancha e leva a parte branca, ou quase. Fica uma caixa sem pó e sem tampa.

Baixou os olhos feito criança pra guardar o que descobriu. Olhou o chão antes de voltar pra esperança.

O vento arrebenta a corda da persiana, mas a luz passa. O calor que foi um passeio.

Depois do pelego, só o pelo não é mais quente pra gente. A estepe corre pro sol nascente.

O sonho espera só o sono pra transcender o sonhado, coitado. E a gente querendo ficar acordado.

Indo nada é mais aleatório do que só ir em ordem. Vinte crítico pra quem precisava de dezenove.

Não fosse pelo pó entre o dedo e o papel, só o escuro da caixa restaria ao pastel.

E o acendedor todo o dia, bom dia, pensava em parar, boa noite, de ver a vida passar.

O silêncio tomou corpo e, denso, choveu uma nuvem ombro adentro.

Todo o meu renascimento não parece óleo seco, diz a pegada do gato preto.

Para aquela carta que foi e voltou sem nunca chegar, nós temos o mar.

Abriu o sorriso e todo o resto do mundo caiu na dobra do pano.

Incrível como tanto quanto o mundo devia saber cabe numa luva tamanho p.

O escudo é duro, é claro, porque ele é um escudo. Mas tudo vivo se encolhe e tudo é vivo no escuro.

Quando o dedo aponta o céu, eu pego e corro pro ia. De novo.

Depois da curva da praia e da pedra tem um mais. Na direita de quem vai. Lado esquerdo de quem ia.

O poema hoje é bem fraco, fino e aguado. Falta. Nanquim é o resultado.

O elefante que nunca esquecia, olha só, perdia toda a alegria de lembrar.

O tempo todo a gente só inventa pra poder perder porque a gente pode. E pode ser que passe, mas talvez dê.

O sono vai vir de um jeito ou de outro, mas mais de outro. Noite pra quem não precisa de boa noite.

Às vezes vem um silêncio bom em que se ouve tudo dobrado. Do lado. Depois é só um silêncio que faz um barulho errado.

Esse nada já fez um mundo todo aqui dentro. Um furo no dedal novo da loja de aviamentos.

Vou sair e vou fazer um poema bem laranja e bonito. Feliz? Poesia sobre algo debaixo do meu nariz.

Se se morre de amor? - pergunta ele. Se escorre, a areia absorve e a chuva lava. E não se morre. *** Se se morre de amor? - escuta ela o peito. Perfeito! Cemitérios são cheios de flor!

Tu quer uma nova vogal, mas esquece a consoante. É o antes, filho, que faz um novo final.

Quente porque tava deitado no pátio com sol e veio não pedir, mas dar pêlo, ponto e lar.

E, quando a pedra parou de pensar "pena", ela parou de voar pra só defenestrar.

A caveira ainda ficava triste quando dava risada. Pra ela, no além, não deveria haver nada. Muito menos piada!

O mundo a salvo e a guerra ganha? O que arranha a lente parece Itália, mas é Espanha.

Eu corro, vem teu braço e eu vôo devagar. Eu grito. Vou correr mais quando pousar.

Eu li "Cachecol em volta da barriga", Pensei numa fita, mas acabei com uma flor. D'or.

Sabe aquele ótimo lugar que tu tinha pensado 'vou deixar guardado'? É. Amanheceu fechado.

The heater is certainly broken of all its lonely nights, but you wait. Blankets never break.

Anos depois, papai ainda dizia que o vaso quebrado fora o vaso mais querido.

As costas brancas de pó e de tempo encontram a grama preta de noite, sozinhas. Boa noite.

Todo mundo sabe que sete é um recorde inventado, disse o gato O gato apaixonado.

Se hoje fosse segunda já que ontem foi domingo, a cama não seria funda e não estaria rindo.

O avião decola e, sim, tu vai embora. Enquanto, no estacionamento, eu te dou carona a partir de agora.

O André não tem irmão. Por que não? Só tem o André e o Andrezão.

Silêncio na caixa e nada mais pra tirar nem por. O gato é morto? Todos os poemas são de amor!

Claro que não! Esse vazio aí não é de acabado. Esse vazio é espaço aberto com o guardado.

A luz foge, o som fica, o tom fica. O olho fecha, a sombra fica, sempre fica.

Teve filme de suspense sem cinema. Não teve? Fantasma tranqüilo sem trema.

Então o fim de noite não tem linhas nem lãs nem meias. Só planetas contados nos dedos, só teias. Estrelas.

Puro, ela disse, e ele achou que fosse pedra. Mas puro, Puroamor, tá mais pra areia sem pegada. De nada.

É terça. Torça para ir na biblioteca ou museu, eu. Sonha com um soneto da Laura ou teu.

Pé ante pé, unha fura, furada. Nega maluca. Coser, diz a mão. Cozido, a boca.

De passo, teu remédio vira e vê meu nado. Com as pretas, eu e a bruxa. Com as brancas, a maça e eu.

Da janela, postes amarelos se enfileram e me esperam branco de sal. Preta de sol.

Uma câmera aberta pra mostrar o filme antes de revelar pode muito bem ser enterrar. Enterro que pinta a foto de preto.

Saudade é coisa que dá e passa. Dedo, banho, uva passa.

Dorme, Lindo Pacífico, que faz sol. Teu terno branco alvejado não tarda a ficar entardecido.

Depois tem grama e banco branco e jardins com sombra comigo no sol. Bulb (B).

antes não teve carro nem ônibus teve pés depois tem grama e banco branco e jardins com sombra comigo no sol não tem gente não tem nada só tem tempo (às vezes nem tempo tem) tem ponto de e para encontro

Grave entra o raio de sol pela janela e pela pupila e faz a foto do dia de graça.

Do pingente azul, pinga a gota, a última. A piscina transborda, a minha única.

Quando um teutão precisa de salvação, aí sim não deveria ser não.

Pó com água, lama fria. Nó de pinho e chama. Ia só.

A gente pensa sozinho, sozinho e entende errado. Errado de ficar separado.

Não adianta mudar de cidade, de país e até de rua. O sol é sempre o mesmo, a sombra é sempre tua.

O dragão, com seu penacho vermelho, é manco porque cicatriz e espinho não andam juntos. Só sozinhos.

Saudade é coisa que dá e não passa. Afunda.

Vem, segunda, e acaba com o meu domingo que, de duas, uma: Casa comigo ou pega e me afunda.

Até mais, disse ela, pareceu: Disse adeus.

Com a minha liberdade de gato, sabe o que eu faço? Entro em casa, na tua cama, feito cão.

Jorge não deixou bilhete. Pra onde ele ia não existia explicação.

Verde, suado, Patrício gelado, inventa e aumenta a noite atriz.

Eu vou fazer um versinho com um pedaço do ursinho e, ainda mais, adiante, com a tromba do elefante! Mais, mais ainda, distante, vou pintar um bigode falante nas tuas costas lindas de linho só pra gargalhar do teu caminho. E, depois, por último, mas sempre primeiro, vou me sentar no meu lugar o dia inteiro. Vou pegar minha arma de brinquedo e atirar no céu pra ele chorar, pra te refrescar.

No fim, o amor é uma flor roxa e eu não gosto de flor. Vou viver de trás pra frente, tutto buona gente!

Ele sempre acreditou que fantasmas tinham que ser em preto e branco. E eram, menos um. Fantasmas só perdem o colorido depois dos vinte e um.

- Oie, qual a boa? - A coisa é feia pra quem larga a boa.

Na ponta do braço, o dedo é do tamanho da lua. Sabe? Noite nublada no teto do quarto.

O céu tá pesado, mas a gente aproveita o dia. Até que vem o trovão, sim, e não feliz, a chuva fria. Sorte que é verão. Sorte que é de dia.

O passeio foge correndo do peito. Que jeito?

Domingo me dou pro banco da praça de ontem. Me abraça.

A gente se enche, se enche, furado. A gente se entende e entende tudo, tudo errado.